Saiba quais as obrigações fiscais para freelancers e evite problemas com o fisco

Freelancers: conheça as suas obrigações fiscais e fique em dia com o fisco

O aumento do trabalho freelancer no Brasil representa uma mudança significativa na forma como muitas pessoas se dedicam à carreira e a geração de renda. 

Seja por opção, necessidade ou busca por flexibilidade, cada vez mais profissionais estão trocando o tradicional modelo CLT pelo trabalho autônomo, prestando serviços por conta própria. Contudo, junto com essa liberdade vem uma responsabilidade: estar em dia com as obrigações fiscais.

Muitos freelancers iniciam a jornada sem conhecer as regras tributárias que envolvem sua atividade, o que pode gerar problemas sérios com o fisco, como multas, autuações e até impedimentos legais para continuar exercendo o trabalho. 

Ao longo deste conteúdo, vamos explicar o que é ser freelancer do ponto de vista fiscal, como evitar problemas com o fisco e muito mais. Tenha uma excelente leitura!

O que é ser freelancer do ponto de vista fiscal?

O freelancer é um profissional que presta serviços de forma eventual, sem vínculo empregatício. 

Isso quer dizer que ele pode atuar como pessoa física (PF) ou optar por abrir uma empresa (pessoa jurídica – PJ). Essa decisão influencia diretamente nas obrigações fiscais, na carga tributária e na forma de prestar contas com o governo.

Quando atua como pessoa física, o freelancer precisa declarar sua renda no Imposto de Renda, além de recolher o INSS por conta própria. 

Já para quem atua como pessoa jurídica, tem obrigações mais estruturadas, como emissão de nota fiscal, apuração de tributos e entrega de declarações mensais e anuais, dependendo do regime tributário escolhido.

Além disso, a profissão está em alta, configurando um novo perfil de trabalhadores, que estão deixando de ser simples prestadores de serviço e se tornando recursos cruciais nas estratégias de inovações.

Atuação como pessoa física: o que você precisa saber

Se você atua como freelancer PF, é fundamental entender que todos os rendimentos obtidos devem ser informados à Receita Federal. Vamos aos principais aspectos:

Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF)

A Receita Federal exige que toda pessoa física que tenha renda tributável acima do limite anual estipulado declare o Imposto de Renda. Em 2025, por exemplo, esse limite foi de R$ 33.888 anuais.

Mesmo que o valor recebido seja inferior, se você recebeu pagamentos de pessoas jurídicas, ainda assim pode ter tido a obrigação de declarar, pois essas empresas informam os pagamentos à Receita por meio da Dirf (Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte).

Carnê-leão

O carnê-leão é uma obrigação mensal de quem recebe rendimentos de pessoas físicas ou do exterior. Ou seja, se você presta serviços para outro profissional ou empresa no exterior e recebe diretamente, deve calcular e pagar mensalmente o imposto devido com base em uma tabela progressiva.

O pagamento deve ser realizado por meio do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), com código 0190, e ser feito até o último dia útil do mês seguinte ao recebimento.

INSS para autônomo

O freelancer que atua como pessoa física também pode contribuir para o INSS. A contribuição é feita como contribuinte individual, com alíquota de 11% (plano simplificado) ou 20% sobre o valor declarado, respeitando o teto do INSS.

Essa contribuição é fundamental para garantir direitos como aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade.

Será que vale a pena atuação como pessoa jurídica?

Muitos freelancers optam por abrir um CNPJ para reduzir a carga tributária e profissionalizar a atividade. Com um cadastro ativo, é possível emitir nota fiscal, ter mais acesso a clientes corporativos e organizar melhor as finanças.

Neste caso, os principais regimes tributários para freelancers que atuam como PJ são:

MEI – Microempreendedor Individual

O MEI é uma opção mais simples, indicado para quem fatura até R$ 81 mil por ano e atua em atividades permitidas pela legislação do programa.

Algumas atividades comuns entre freelancers, como designers, fotógrafos, redatores e programadores, são permitidas no MEI. No entanto, é preciso verificar no Portal do Empreendedor se a sua atividade se enquadra.

As obrigações do MEI incluem:

  • pagamento mensal do DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional), com valor fixo;
  • emissão de nota fiscal, sendo obrigatória mediante a prestação de serviços a empresas;
  • Declaração Anual do MEI (DASN-Simei);
  • controle do faturamento anual para não ultrapassar o limite legal.

Simples Nacional

Se você fatura mais de R$ 81 mil por ano ou atua em uma atividade não permitida no MEI, pode optar por abrir uma microempresa (ME) e se enquadrar no Simples Nacional. Este regime é conhecido por unificar o recolhimento de tributos federais, estaduais e municipais em uma guia única.

Dependendo da sua atividade, os impostos podem variam de 6% a 33% sobre o faturamento. Jornalistas, publicitários e desenvolvedores, por exemplo, costumam ser enquadrados no Anexo III ou V da tabela do Simples.

Neste caso, é necessário:

  • emitir notas fiscais para todos os serviços prestados;
  • manter controle contábil junto ao apoio de um contador;
  • entregar obrigações acessórias como PGDAS-D, Defis e DCTF.

Outras obrigações fiscais importantes

A atuação como freelancer costuma gerar mais liberdade e autonomia, porém, exige responsabilidade com os tributos e as obrigações fiscais.

Desse modo, não se atentar a esses pontos pode gerar problemas com o fisco, multas e, em casos mais graves, o bloqueio do CPF ou CNPJ. Sendo assim, é crucia considerar os seguintes elementos:

Livro caixa

Embora não seja obrigatório para todos, o livro caixa é uma ferramenta recomendada para qualquer freelancer. Nele, você pode registrar as entradas e saídas relacionadas à sua atividade profissional, permitindo:

Declaração de bens e rendimentos

Caso você tenha patrimônio (carro, imóveis, investimentos etc.) acima dos limites exigidos pela Receita Federal, também precisará declarar seus bens. A omissão de bens pode gerar problemas sérios, como malha fina e penalidades.

Retenções de impostos

Se você presta serviços a empresas, pode ter tributos retidos na fonte, como IRRF, INSS e ISS. É importante verificar no contrato de prestação de serviços ou na nota fiscal se houve retenção e se os valores estão sendo devidamente informados à Receita Federal.

Não cumpri as obrigações fiscais, e agora?

A informalidade pode parecer atraente no início, mas traz riscos sérios e reais. 

Quem não declara seus rendimentos ou não paga os tributos devidos pode enfrentar:

  • multas que variam de 20% a 150% do valor não declarado;
  • inclusão do CPF/CNPJ na dívida ativa da União;
  • problemas para conseguir financiamentos ou abrir empresas no futuro;
  • perda de benefícios previdenciários;
  • dificuldades de fechar contratos com grandes empresas.

Além disso, com o cruzamento eletrônico de dados da Receita Federal, fica cada vez mais difícil ocultar informações. 

Bancos, operadoras de cartão e empresas contratantes informam os pagamentos que fazem, o que facilita a identificação de inconsistências.

Dicas essenciais para manter a regularidade fiscal como freelancer

Uma coisa é certa: trabalhar como freelancer é sinônimo de liberdade, afinal, você escolhe os seus projetos, define a sua rotina e constrói uma carreira de maneira independente. 

Porém, junto com toda essa autonomia, existe a responsabilidade de manter a regularidade fiscal. Confira:

  • Tenha controle das suas receitas e despesas: use planilhas, apps de finanças ou sistemas contábeis para acompanhar todos os valores que entram e saem. Isso facilita o cálculo de impostos e as tomadas de decisão.
  • Considere a contratação de  um contador: mesmo como MEI, o suporte de um contador especializado pode evitar erros e garantir que você esteja aproveitando todos os benefícios legais.
  • Emita nota fiscal sempre que possível: a nota fiscal formaliza seu trabalho, facilita a prestação de contas e abre portas para clientes mais exigentes.
  • Mantenha a documentação organizada: guarde comprovantes de pagamento, notas fiscais, contratos e recibos por pelo menos cinco anos. Isso é essencial para eventuais fiscalizações.
  • Fique atento ao calendário fiscal: programe-se para não perder prazos importantes, como pagamento do carnê-leão, entrega da declaração do IR e envio de obrigações acessórias, caso tenha empresa.

O profissional autônomo do futuro!

Ser freelancer é ter liberdade, flexibilidade e autonomia. Mas para aproveitar melhor essa modalidade profissional, é preciso também assumir a responsabilidade de manter tudo em dia com o fisco. 

Conhecer suas obrigações fiscais é o primeiro passo para evitar dores de cabeça, garantir a sustentabilidade do seu trabalho e abrir novas oportunidades no mercado.

Ignorar os deveres legais pode sair caro, tanto em termos financeiros quanto em credibilidade. Por isso, encare a gestão fiscal como parte do seu trabalho e mantenha-se sempre atualizado. O freelancer, quando bem informado, é também um empreendedor de sucesso.Esperamos que este conteúdo tenha sido esclarecedor. Mais como este, você encontra no nosso blog. Caso tenha qualquer dúvida, clique aqui e fale conosco!

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